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Tsunamiz lança o Novo Single “Magickal Seeds”, e falámos com o Bruno Sobral


Bruno Sobral, Tsunamiz, Mgmeia
Tsunamiz, Bruno Sobral - Photo Courtesy by Bruno Sobral

Tsunamiz, lançou o novo single, “Magickal Seeds”, e o Bruno Sobral vocalista e guitarrista, deu-nos o privilégio desta exclusiva entrevista com a MGMEIA.

Em uma entrevista, muito interessante, falámos e conhecemos um pouco da pessoa que está por detrás do Tsunamiz. E ajudou-nos a perceber melhor o conceito lírico do “Magickal Seeds”!


Bruno Sobral, do Seixal, Concelho de Almada, Portugal, agraciou-nos com uma conversa de duas horas em que tocamos vários pontos para perceber um pouco deste trabalho interessante. É um artista eclético em que mistura o rock com a música electrónica.

Nas suas letras afasta conecções políticas. Nesta amena conversa falou-nos de tudo um pouco, desde o passado até ao futuro. As suas ambições e novos projectos a caminho.

Bruno Sobral tem um nível intelectual elevado, demonstra a sua paixão por filosofia, não é alheio ao que se passa ao seu redor e no mundo, e as suas letras vão nesse sentido.


“Magickal Seeds” – em resposta à pergunta se a letra era algum código ou advertência aos mais novos, Bruno responde com um sorriso terno e afável:


Bruno Sobral (BS) – Eu gosto de ouvir a interpretação das pessoas! Cada um tem a sua interpretação! Para mim a mensagem nesta música é a Semente. E essa própria mensagem pode ser mágica. É outro “twist”, tem um pouco a ver com a forma de ver as coisas.


Tsunamiz - Bruno Sobral - MMEIA
Tsunamiz, Bruno Sobral - Photo Courtesy by Bruno Sobral

MGMEIA (M) – Quais as tuas fontes de inspiração nesta canção, tens uma mistura riquíssima de diversos estilos de musicais…


(BS) – Eu cresci bué com NIRVANA. Eu comecei a ouvir NIRVANA com o meu tio, que temos uma diferença de sete anos. E em 1992 eu tinha sete, estava a ouvir o “NEVER MIND” no quarto dele. A ouvir e a curtir bué da música, e acho que fiquei obcecado! Com treze, andava com a guitarra acústica às costas na escola e cabelo comprido à Kurt Cobain. NIRVANA acaba por ser uma grande influência, porque tenho a noção que foi devido a eles, com quem não só aprendi a tocar como a cantar e a compor. Às vezes questiona-se muito sobre o Kurt Cobain, aliás ouve-se o pessoal a criticar muito as bandas de Seattle, mas em relacção ao Cobain, tipo “o gajo não sabia tocar ou não era um grande guitarrista.” Mas eu creio que de todos os artistas de Seattle, ele era o que tinha maior aptidão para a criação de melodias sobre acordes. Acordes de guitarra, riff’s simples, mas memoráveis, eu acho que muita gente peca por ver a genialidade, e o complicado que é compor com dois acordes, três ou quatro acordes. E ele tinha essa capacidade melódica, para mim brilhante e a melhor da altura, e aprendi bué com isso! Isto levou-me para a música alternativa, acima de tudo, Depois tive uma fase bué de “The Doors”…


(M) – voltaste um pouco no tempo…


(BS) … sim, sim! Mas isso tenho eu o feito sempre! Para mim a música não é temporal! Precisamente, o que identifica mais a música temporalmente, é a produção e o arranjo, porque de resto se despires uma melodia e uma harmonia ela, a harmonia, vive e sobrevive em qualquer época, no futuro, no passado… e ela será eterna, por isso é que se diz muitas vezes a música é universal. Sim e é verdade, é universal e intemporal!

Consumi bué “The Doors”, sempre senti afinidade pelas Lendas, tens por exemplo nos anos 60 a era do psicadelismo, a era dos hippies, vá lá… Tem-se os Ícones, tipo Jim Morrison, Jimi Hendrix, reconheço muito talento vocal uma “Jimi Hendrix” feminina da voz em relacção á Janis Joplin, mas não me diz tanto, não sinto tanta afinidade ou tanta influência.

Se formos para esse campo, tenho como influências, os “The Beatles” os “The Roling Stones”, na era do Brain Jones, Bob Marley, Two Pac, no rap. Foi nessa altura ou um pouco mais tarde que explorei o Hip Hop, e embrenhar-me nesse mundo, nesse universo que actualmente não o tenho muito explorado. Explico. A minha base é o rock e às vezes o pessoal do rock e da música mais instrumentalista e que toca tem um certo desdém pelo Hip Hop…


(M) – Apesar de no mundo do Heavy Metal termos exemplos, dos “Aerosmith” com “Run DMC” ou o “I am the Man” dos “Anthrax” ou mesmo os “Beastie Boys”, que fizeram bons trabalhos nesse campo, mas não houve grande evolução no sentido dessa ideia, talvez podamos dizer que os “Limp Bizkit” ou “Limking Park”, com o surgir do Nu Metal, fosse canalizado para um ressurgimento dessa fusão acabou por não ter o seu mérito!


(BS) – Acompanhei essa altura do Nu Metal e o Grounge, porque era adolescente e não era próprioamente para mim, porque é um bocadinho antes do meu tempo. Para teres uma ideia o Kurt Cobain quando morreu eu tinha uns 8 anos, mas mesmo assim acompanhei e viciei-me bué com o seu trabalho e depois apanhei a cena do Nu Metal, 98/99, o que é interessante, é que muitas bandas foram lançando trabalhos em 94, e foi na altura que aqui na Margem Sul, eu com treze anos, comecei, ou melhor dito, estive no meu primeiro concerto de Metal, a dar-me conta que os Metaleiros que consumiam Harcore, também tinham consumo para o Nu Metal. O lançamento do segundo álbum dos “Limp Bizkit” (Significant Other), o primeiro álbum dos “System of a Down” e dos “Slipknot”. E eram bandas interessantes, mas com o passar do tempo afastei-me um pouco, do Metal por assim dizer, porque reconhecia em algumas composições demasiados clichés, mas isso encontra-se em todos géneros de música e isso é um facto!

Mas isto também tem a ver com aquilo que queria fazer. Foi-se transformando, ou fui descobrindo ao longo do tempo em quanto ia tocando e afinado por assim dizer a minha composição e consumindo música de vários artistas e fui sempre selecionando o que queria ouvir, mais disto ou menos daquilo! Tipo quero fazer cenas mais deste género, e agente começa a divagar! Falando de artistas favoritos…


(M) – Apenas um pequeno aparte. No teu concerto em Corroios (Seixal - Portugal), percebe-se perfeitamente as tuas influências do Heavy Metal quando pegas na guitarra!

(BS) – És capaz de ter razão! Isso também tem a ver muito com os temas que selecciono, para um concerto, mas não só, assim como para os próprios álbuns, mas tudo devido às influências musicais de quando um é jovem, até porque os meus guitarristas preferidos… mas só um pequeno aparte é que eu consumi muito “Guns n’ Roses”, acho que o Slash também contribuiu muito! Apesar de ouvir muito de tudo, AC DC (Back in Black), Slayer (Season in the Abyss), Metallica (For Whom the Bell Tolls), porque são em termos de composição ou momentos na música ultrapassam qualquer barreira de género, de época! E é assim que eu consumo a música, e é assim que eu também sou influenciado, porque depois no processo criativo eu faço cenas, que correspondem basicamente às emoções, em um processo assim intuitivo, e como sou eu que produzo, eu finalizo e arranjo, deixo-me levar…

Mas claro, há sempre sopresas quando estamos a produzir e acabamos por envergar determinados caminhos porque acabam por ser o melhor, felizmente!


(M) – Mal comparando é como a Lady Gaga que adora Hevay Metal mas canta PoP!


(BS) – (risos) Sim, é um sector que te influencia, e claro isso é um dos meus objectivos sempre que faço uma música ela tem que ter algo memorável!

Isso fui desenvolvendo ao longo dos anos, comecei a criar muito cedo, criei muitas cenas e muita porcaria, mas acabo por desenvolver um controlo de qualidade! Fazes um Riff ou estás e dizes “epá isto não serve para nada…”


(M) – Influências da música Portuguesa, sei que és fã de Zeca Afonso! Tens mais alguém que te inspire, em termos nacionais?


(BS) – Gosto muito de Zeca Afonso, António Variações, acho que o António, apareceu no tempo errado, já que se ele fosse vivo, ele seria o artista número um em termos de plateia de público. Em termos de venda, acho que seria o nosso David Bowie. Eu um gajo mais da música assim que acho que em termos visuais o Variações, independentemente do estilo visual que ele tinha era fixe! Mas musicalmente eu sentia não só a voz, a letra as melodias, tudo! Acho que sim que ele com o que demonstrou iria ser um David Bowie Lusitano! Adoro Ornatos Violeta, um rock alternativo Português e está muito bem explicito no excelente álbum “O Monstro Precisa de Amigos”, Moonspell, acabei por ouvir os três primeiros álbuns…


(M) – Achas que tens influência dos músicos da tua zona, Brain Dead, Da Weasel…


(SB) – Olha por exemplo, Dead Remind, aliás foi o primeiro concerto que fui, quando tinha treze anos, abriu-me aqui uma visão brutal, porque pensei “uau isto é brutal”, no sentido em que era o meu primeiro concerto ao vivo, e depois todo aquele pessoal, estavam lá a falar no Nu Metal (ou New Metal), falavam do “Roots” dos Sepultura, por causa da mistura das sonoridade indígena com o Metal!

Depois os Ectofinger, Eat Machine, são sem dúvida as bandas da Margem Sul que me influenciaram! Tudo depois é uma roupagem! Faz sobre sair tudo o que de bom fizeste na tua composição!

Na minha modesta opinião acho que os Moonspell eram uma banda interessante mais doq eu são agora. Por exemplo “Wolf Heart” com o “Alma Matter” penso que tinham uma entidade mais própria!


(M) – Em termos de literatura o que consomes?


(BS) – (Risos) Já li mais! Agora é mais adio-book. É porque às vezes não há aquele tempo do dia para me sentar e abrir um livro, mas já o fiz e principalmente nos transportes públicos, mas como sempre é discutível. Mas sou um grande fã de Fernando Pessoa, acho que li quase toda a obra dele. Nietzsche filósofo Alemão! E muitos mais filósofos, até porque no primeiro ano de filosofia na Universidade, quando entrei na Faculdade de Letras de Lisboa, não fui lá fazer nada e vim-me embora (gargalhadas), lê-se muitos filósofos, mas sempre mantive essa paixão pelo campo filosófico!


(M) – Por alguma razão em especial?


(SB) – Sim, por “Red Pill”! Hoje em dia ouves falar muito em “Red Pill”, de veres muito como as coisas são, ou como na realidade é! Foi esse despertar, para complementar já algumas vivências que tinha tido na vida e não tinha, se calhar, as respostas certas que faziam sentido para as minhas experiências, até porque tem tudo a ver com a condição humana, tem a ver contigo e com os outros, como o ser humano age e pensa! Lembro-me de estar sentado no bar da Faculdade a ler o “Sobre a Genealogia da Moral” do Nietzsche, e dizer “AH OK”!


(M) – Um Filósofo mais voltado para o campo sociólogo então…


(SB) – Sim, sociólogo e quase psicólogo, parte Freud! Mas lá está não só pelo conteúdo mas também pela forma como ele escrevia, porque acima de tudo ele era quase um romancista no campo da filosofia, tanto que ele é conhecido pela sua escrita expressamente pujante, forte e às vezes algo enigmático, mas experiencialmente bem escrito, algo que também reconheço em Fernando Pessoa. Creio que para mim são dois escritores do mais fascinante de se ler! Aliás o Fernando Pessoa acabava por incorporar vários filósofos diferentes o que era engraçado. E ele fazia-o intensionalmente com os seus heterónimos! Aqui vou adoptar uma cena mais naturalista e aqui uma cena mais pessimista, etc..


(M) – Acho que assim deu para entender melhor a composição lírica do “Magickal Seeds”! Qual é a tua principal mensagem nela, já te expressei aqui o meu ponto de vista, mas tu como autor qual é a mensagem que queres ou gostarias de transmitir.


(BS) – Lá está, não tenho a certeza se quero, impingir algo, mas quero que fique no sabor do ouvinte porque não é um statement político no sentido de ser algo estagnado, algo que para mim tem que ser algo vivo, enquanto não for interpretado ou explicado, eu penso que continua a viver. E se for dissecado ou neste caso diversificado acaba por perder o interesse e acaba dessecado!

Aquilo que quero ou que represento como independente, e faço-o intensionalmente, músicas diferentes umas das outras. As pessoas podem pensar que sigo essa linha o que não é realidade até porque há muita coisa oposta nos meus trabalhos.

(MGMeia) – Trabalhos futuros…


(Bruno Sobral) – Tenho mais um vídeo clip para sair e mais um álbum com temas que não invocar o “Magickal Seeds II”, nem nada que se pareça.


(MGMeia) – Vais seguir a linha de compor conforme o teu estado de espírito…


(Bruno Sobral) – Exacto! Não só com estado de espírito mas também com a diversidade. Eu gosto de diversidade nos álbuns, gosto de músicas diferentes, vai ser um álbum talvez mais rico melodicamente. Há um dos temas que é o “Wonderfull Day”, é uma música que talvez vá parecer a uma música composta pelos “The Beatles” nos anos 60!




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